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Preservar a floresta é aposta do cacau brasileiro para retomar crescimento do setor

“O Brasil tem descoberto na sustentabilidade ambiental uma forma de tentar ganhar espaço no crescente e competitivo mercado mundial de cacau, principal insumo para a fabricação de chocolate. A expectativa é que a produção mundial do fruto chegue a 4,8 milhões de toneladas no ciclo 2018/19 – 4% a mais do que na safra passada, segundo dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO, na sigla em inglês). Hoje, o Brasil detém menos de 5% desse mercado, que majoritariamente está nas mãos dos países africanos – Costa do Marfim (42%) e Gana (20%).

Além do clima tropical favorável, preservar as florestas e rios nas áreas cacaueiras, aliado a boas práticas produtivas, ajuda a aumentar a produtividade e pode fazer a safra brasileira de cacau voltar aos níveis de 2014/15, quando rompemos a barreira dos 5% de participação mundial com 230 mil toneladas da fruta. Por causa disso, colocar o produtor e o meio ambiente no centro dos negócios virou o objetivo das fabricantes mundiais de chocolate. Uma delas é a Mondelēz, dona da Lacta, que tem como meta obter 100% do cacau utilizado nos seus chocolates proveniente de fontes sustentáveis até 2025. Hoje o índice é de 43%. Até o fim do ano, a linha brasileira da Lacta deve ser produzida a partir de cacau sustentável.

O Brasil é o hoje o 6º maior produtor mundial de cacau, com uma área de plantio de 600 mil hectares. “Sem dúvida o país tem todas as condições e oportunidades de ter um papel de destaque no cenário mundial. No Pará, por exemplo, nos últimos 10 anos a produção cresceu de maneira significativa”, afirma Jens Hammer, líder do programa de sustentabilidade Cocoa Life da Mondelēz no Brasil. No estado do Norte brasileiro, a companhia faz um trabalho em parceria com a ONG The Nature Conservancy junto a 130 produtores para incentivar as boas práticas de agricultura.

Já na Bahia, há 75 famílias de produtores que são assistidas pelo Cocoa Life e outras 34 que integram outro projeto, o Renova Cacau. Neste último, a Mondelēz , em parceria com a Universidade de Santa Cruz e o Centro de Inovação do Cacau, fornece informações técnicas sobre as mais recentes ferramentas e práticas agrícolas para aperfeiçoar a produtividade e qualidade da produção, reduzindo o impacto ambiental. Ao todo, os dois projetos devem impactar cerca de 500 produtores no Brasil, segundo a companhia.

O programa Cocoa Life começou em 2012 no Oeste da África, Indonésia, Índia e Brasil e iniciou agora novas ações para avançar em regiões produtoras como Pará e Bahia. “O cacau veio perdendo em produtividade nas últimas décadas e o setor está carente de assistência técnica e de boa genética das plantas. Com isso, há perspectiva de crescer nos próximos anos”, afirma Hammer. Nos ciclos 2015/16, a produção brasileira caiu para 141 mil t e, nos anos seguintes, foi a 174 mil t. Somente com a safra 2017/18 o país ultrapassou a casa das 204 mil t.

“A Bahia é o centro nacional de produção de cacau. No final dos anos 1980 e início dos 90 alguns fatores influenciaram a queda da produtividade. Com os preços baixos do cacau, os produtores retraíram os investimentos e doenças como a vassoura de bruxa avançaram. O produtor nessa época não estava preparado e não havia materiais resistentes à doença. A cultura do cacau virou quase um extrativismo”, explica Hammer.

Forasteiro

O cacau forasteiro, que é a variedade típica amazônica e mais comum no Brasil, cresce à sombra de árvores maiores e coexiste bem em alguns arranjos agroflorestais. A fruta produz durante 2/3 do ano. Na Bahia, o sistema que predomina há pelo menos duzentos anos é o cabruca, no qual se substitui a vegetação menor pelos cacaueiros que ficam cercados pela vegetação natural, de porte maior. Nesse caso, a empresa trabalha junto aos produtores para fazer a renovação das plantas de cacau, substituindo aos poucos as variedades por outras mais resistentes à vassoura de bruxa.

Na propriedade de Robenildo Cordeiro da Silva, 45 anos, que cultiva 18 hectares de cacau em Piraí do Norte, região Leste da Bahia, as boas práticas agrícolas e o cuidado com o meio ambiente têm mostrado resultado. Descendente de uma família que “já nasceu com o dente pregado no cacau”, o produtor hoje colhe em média de 100 arrobas por ha, enquanto que na época do avô tirava-se não mais do que 50 arrobas/ha. O segredo foi a renovação gradual da plantação, trazendo novas mudas para substituir os cacaueiros antigos, pouco produtivos.

“Começamos a renovação há uns 3 anos. As plantas quando chegam a 40, 50 anos vão ficando com as raízes cansadas. Com o apoio do projeto Renova Cacau, trazemos novas mudas clonadas no viveiro e elas são plantadas embaixo das velhas, que acabam servindo de sombra para as novas”, explica Silva, que ainda tem 5 ha da propriedade em que pretende renovar os pés de cacau.

Cada hectare da fazenda tem uma média de 1.111 plantas, o que dá no total quase 20 mil pés de cacau. A expectativa do produtor é atingir uma produtividade de 150 arrobas por ha. “Alguns colegas nossos já estão colhendo 200 arrobas”, conta. O clima quente e chuvoso da região tem ajudado as plantas a se desenvolverem bem. “Antigamente, não se tinha consciência sobre a importância de manter a floresta. Hoje, para se trabalhar com banco, conseguir um empréstimo, você precisa ter a reserva legal de mata”, afirma Silva. Além da vegetação, é preciso conservar a mata ciliar e as nascentes, o que propicia boas condições para o cultivo do cacau.

Segundo Hammer, as boas práticas e a rastreabilidade da cadeia produtiva do chocolate possibilitam às empresas estares em mercados exigentes em relação a aspectos socioambientais e da origem dos produtos, como na Dinamarca, mas podem apontar também para o futuro do setor no Brasil. No caso da Mondelēz, a fábrica só recebe os derivados do cacau (massa, manteiga e pó de cacau). Parceiros, como cooperativas e agroindústrias, fazem o processamento das amêndoas da fruta a partir do que recebem dos produtores e enviam depois para a indústria. Esses parceiros também são envolvidos nos projetos, garantindo assim a rastreabilidade e a assistência técnica adequada a toda a cadeia produtiva.

Mapeamento por GPS

Outra multinacional que adota programas de sustentabilidade em sua cadeia produtiva de cacau é a Cargill. Entre as ações descritas em seu relatório anual de sustentabilidade estão o treinamento em boas práticas agrícolas para mais de 200 mil produtores em todo mundo e o mapeamento por GPS de 188.065 hectares de floresta dentro das propriedades de 110 mil produtores. A ferramenta pode identificar quais áreas correm risco de desmatamento.

No Brasil, onde opera com cacau desde 1979, a companhia informa que vem incrementando suas práticas de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, o que inclui suas três fábricas no país. “Através do nosso programa Cargill Cocoa Promise estamos comprometidos em aumentar o cacau sustentável até 2030, de acordo com a Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Nosso foco está na condução de longo prazo de soluções com nossos parceiros para beneficiar agricultores, suas comunidades e ecossistemas naturais, enquanto aumenta transparência na cadeia de fornecimento de cacau e ajudando as comunidades a prosperar”, diz um trecho do relatório.

Segundo a empresa, 48% do volume de amêndoas de cacau utilizado no Brasil é proveniente de processos sustentáveis certificados, que englobam uma rede de 500 agricultores. Desse total, 148 produtores foram treinados em boas práticas agrícolas e 40% têm suas propriedades monitoradas via GPS. Tudo isso para tentar atingir a meta de desmatamento zero na cadeia de suprimento de cacau nos próximos 11 anos.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/preservar-a-floresta-e-aposta-do-cacau-brasileiro-para-retomar-crescimento-do-setor/
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Curso de Chocolate dos Professores das Escolas Técnicas da Bahia

No ano de 2017, o Centro de Inovação do Cacau capacitou os professores da Rede de Escolas Técnicas da Bahia. O curso teve como finalidade, qualificar os professores das fábricas-escolas de chocolate  para  capacitá-los nas etapas que envolvem a produção  de um chocolate a partir da amêndoa do cacau de qualidade.

O curso teve uma duração de quatro meses e foi dividido em quatro módulos para melhor apresentação e organização do conteúdo (qualidade de cacau, tecnologia de produção bean-to-bar, chocolataria e análise sensorial de cacau e chocolate).

Samuel Saito, gerente de qualidade e Serviços do CIC, e também instrutor do último módulo reforçou a importância da análise sensorial: “o objetivo foi capacitá-los para classificar uma boa amêndoa, e saber das qualidades sensoriais do chocolate final. Isso é importante para que eles tenham a noção de quais são os principais atributos sensoriais do cacau produzido no Sul da Bahia”.

Os professores também destacaram sobre a importância desse tipo de conhecimento adquirido, tendo em vista que irão repassar tudo isso para os alunos com mais propriedade. Os cursos do CIC têm sido importante para transferir tecnologia, conhecimento, e inovação sobre a cadeia do cacau e do chocolate para um público cada vez mais diversificado e multidisciplinar. Quer saber mais? Veja aqui o vídeo sobre o Curso de Chocolate dos professores da Rede de Escolas Técnicas.

Curso do CIC – A produção do chocolate a partir da amêndoa do cacau de qualidade

No ano de 2017, o Centro de Inovação do Cacau capacitou os professores da Rede de Escolas Técnicas da Bahia. O curso teve como finalidade, qualificar os professores das fábricas-escolas de chocolate para capacitá-los nas etapas que envolvem a produção de um chocolate a partir da amêndoa do cacau de qualidade. Os professores comentaram um pouco sobre sua experiência com o curso, o instrutor do último módulo, e também gerente de qualidade e serviços do CIC, Samuel Saito, falou pra gente um pouco sobre o que foi ensinado. Confira!